Quantos celulares diferentes você teve nos últimos cinco anos? Quantos aparelhos MP3, MP4, MPwhatever? Quantas bugigangas eletrônicas? Tamagotchi, fones de ouvido bluetooth, IP Phone, telefone sem fio, chaveiro que apita quando você bate palma, etc?
Já parou para pensar onde isso tudo vai parar quando deixar de ter utilidade (??) para você? Em 2008, segundo a Unesco, 180 milhões de computadores novos entraram no mercado e 35 milhões foram descartados em todo o mundo.
O problema com o lixo eletrônico é que, ao contrário de todo aquele material em composição que dá um odor agradável ao Aterro da Caximba, os componentes utilizados na fabricação de computadores e outras bugigangas são tóxicos e não podem ser simplesmente devolvidos para a natureza.
Acho importante que se discuta o que fazer com o que foi ou vai ser descartado. Até porque muito do lixo eletrônico produzido em outros lugares do planeta vem parar aqui, no Brasil. Mas acho que nós, consumidores, também temos que pensar melhor em nossas escolhas e compras.
A publicidade de equipamentos é sempre focada na necessidade urgente de se comprar, agora, o computador, MP3, celular, tv de última geração. O problema é que as gerações novas surgem a todo momento. Pode anotar aí, aquela tv de plasma que você comprou no Natal já está obsoleta. É hora de jogar ela fora?
Calma lá. Essa histeria coletiva pelo mais novo, mais moderno não deixa de ser um apelo a nossa necessidade primal de competir com todo mundo o tempo todo.
Quem precisa de um computador novo com 500 Gb de disco e 4 Gb de memória? Quem precisa de um monitor de LCD 21"? A maioria dos usuários comuns de informática usa o computador para navegar na internet, ver emails, fazer buscas e jogar, segundo o Comitê Gestor da Internet. Ou seja, nada que exija máquinas potentes.
Temos que assumir a responsabilidade que temos como consumidores e aproveitar melhor o potencial dos equipamentos que temos antes de querer adquirir a última novidade. Essa é uma decisão que até nos poupa de fazer gastos desnecessários.
É o caso do Windows. Em 2007, quando o Vista foi lançado, muita gente agarrou contente a oportunidade de trocar o velho XP pela novidade. E, como o software exigia muito do PC, acabou sendo inspirado a trocar o hardware também.
No entanto, em 2007 o XP assumiu um nível de estabilidade aceitável. E um desempenho muito bom em máquinas cujo poder de processamento já não eram bons o suficiente para o Vista. Mas mesmo assim muita gente preferiu trocar um pelo outro só porque o Vista era novidade.
Agora, em 2009, depois que o usuário já gastou com o software e o hardware que não precisava, a Microsoft ensaia o lançamento do Windows 7. Hora de trocar tudo de novo? Por que? Porque o novo Windows é mais bonito que o anterior?
Não comprar agora o novo software, o novo computador não significa parar no tempo. Significa dar tempo para que se possa observar o que dessas novas tecnologias vão, de fato, se consolidar e cuja aquisição realmente se justifica.
Na hora de pular no barco da novidade, lembre do Windows Millennium, do HD-DVD. Quantas pessoas não correram para adquirir esses produtos e acabaram com abacaxi na mão? E tudo isso, no fim das contas, vai parar em algum país subdesenvolvido para contaminar o nosso solo e nossa água sem ter servido nenhum propósito significativo. Pense nisso.