A Xuxa deixou o Twitter. Ficou chateada com os internautas que não perdoaram o português diletante da filha dela. Como boa mulher passional, ficou de mal e deu o fora.
Acho que o episódio ilustra como a noção de diálogo na internet ainda é algo confuso. As pessoas aderem a redes sociais como o Orkut, o Twitter e o Facebook supostamente para se comunicar. Mas comunicação pressupõe que a coisa vai e volta.
Diálogo é troca. Mas nem sempre a comunicação na internet tem essa via de mão dupla. Não se trata de querer dialogar, mas simplesmente de aparecer. De se mostrar.
É claro que a Xuxa não entrou no Twitter para ouvir críticas. Entrou para exibir seu cotidiano exuberante, sua vida de estrela, para receber aplausos. Por outro lado, aquela pessoa que se estivesse na presença da Xuxa ficaria constrangida e contida, pela internet se sente livre para criticar e até agredir.
Se não atentarmos para essa necessidade de troca, a internet vai ser para nós um eterno monólogo de inúmeras vozes. Uma praça pública em que todos falam e ninguém se escuta.
Mas convenhamos, não dá para ouvir todo mundo. Mais uma vez caímos numa questão essencial na internet: sábio é quem sabe escolher. Aproveitar o potencial de todas essas ferramentas é saber escolher a quem ouvir, com quem dialogar.
Para fazer seu caminho nessa rede, comece pelos cânones, pelos autores de conteúdo consagrado. Vá educando seu paladar de conteúdo. Quando se sentir confiante, arrisque-se a dar ouvidos a um ou outro. Mas não se preocupe com quantidade. Informação boa é informação com qualidade.
Lembre-se que a Xuxa, a Sasha, os Twitties, o Orkut... muito pouco disso vai ficar para a posteridade.
OBS: sobre a falha ortográfica de Sasha: talvez a Xuxa seja mal-assessorada. Reagiu mal às críticas no Twitter. Coisa de mãe super protetora. Mas convenhamos, criticar uma menina de 11 anos por erros ortográficos é um exagero.