Já cansei de ouvir educadores e outros profissionais da educação apontando os riscos da internet para as crianças. Na lista de perigos, a pedofilia e a pornografia sempre ganham destaque. Como se, uma vez ligado, o computador vertesse conteúdo reprovável sem controle.
Como quem usa a internet sabe, o conteúdo da rede só aparece - em geral - no computador sob demanda. Mas as pessoas tentem a aceitar como certa a possibilidade de que, uma vez conectadas, as crianças vão fatalmente acessar pornografia, mesmo que não saibam bem o que é isso, ou ser atacada por predadores.
Essa linha de pensamento turbina a venda de softwares que bloqueiam conteúdo, que limitam a navegação. Afinal temos que proteger nossas criancas.
Se você tem filhos, relaxe. Se uma criança corre risco de ser vítima de violência, pode ter certeza, é muito mais provável que o perpetuador seja alguém próximo, alguém até mesmo da família. A ameaça sem rosto e sem nome que vem da internet é muito menos assustadora do que se imagina.
O que uma criança - de qualquer idade - precisa saber para navegar seguro na internet é que é preciso saber se resguardar. Essa é uma lição que vale para toda a vida, não só para a vida virtual. Quem não se expõe, não vira alvo.
O que é se expor na internet? Divulgar informações pessoais em locais acessíveis para pessoas estranhas, de fora de sua convivência.
Não quer que seu filho acesse pornografia? Comece evitando de deixar no histórico de navegação sites do gênero. Coloque o computador num lugar de uso compartilhado da casa. E, principalmente, confie no seu filho e converse com ele sobre o assunto. Todas essas opções são melhores que simplesmente bloquear o acesso.