Olá, pessoal!
Tudo bem?
O post de hoje é mais uma resenha despretensiosa, sobre um vinho que consideramos interessante, o Dadá 1 de Finca Las Moras 2014.
Esse é mais um vinho produzido pela Finca Las Moras - uma vinícola de San Juan, na Argentina, que produz uma variedade bastante considerável de vinhos - boa parte dos quais chega ao Brasil com preços bastante razoáveis.
Eu, particularmente, gosto bastante dos vinhos produzidos pela Finca Las Moras. Conheci a vinícola por indicação de um amigo, que era, na época, proprietário de um restaurante. Depois, na primeira vez que a Dani e eu estivemos passeando pela Argentina (saindo de Londrina de carro, indo até Buenos Aires, depois até Montevideo e retornando ao Brasil pelo interior do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina), o primeiro vinho que provamos do lado de lá da fronteira, em uma noite chuvosa, no restaurante de uma pousada aconchegante, foi uma produção daquela vinícola.
O vinho de hoje nós degustamos em família, quando estivemos todos juntos em Buenos Aires, em junho deste ano de 2015.
Segundo a própria vinícola, a linha Dadá é um convite a desafiar a cultura estabelecida, e a romper esquemas, por meio da experiência de vinhos "sensoriais". No fundo, o rótulo surgiu de uma tentativa de se fazer vinhos marcados pela menção a um determinado fator: baunilha (Dadá 1), café (Dadá 2) e especiarias (Dadá 3).
O Dadá 1 é um assemblage de uvas Malbec e Bonarda, e a proposta é que seja um vinho marcado pela baunilha.
Ponto para a vinícola, a este respeito: o vinho, que passa por um período em barris de carvalho, realmente apresenta notas de baunilha no aroma, ao lado de frutas vermelhas frescas e uma leve menção a especiarias. Apresenta taninos redondos, acidez presente, mas bem controlada, e persistência razoável. A cor é de um vermelho rubi intenso. É indicado para acompanhar carnes vermelhas (inclusive porco, cordeiro e cabrito) e queijos de média cura.
A nossa impressão pessoal foi de que é um vinho descomplicado, mas interessante e agradável. Tivemos o privilégio de fazer ele ser acompanhado de carne de javali e de cervo defumadas. Tudo delicioso.
Vale lembrar que a uva Malbec é originária da França - onde é tida como uma das cinco genuínas uvas Bordeaux. Na Argentina, a Malbec acabou se tornando uva símbolo, e é a partir dessa uva que são fabricados os vinhos argentinos de maior expressão no mundo todo. É notável, contudo, que os Malbec argentinos são bem distintos de seus pares franceses (ambos deliciosos, diga-se de passagem). A questão é que, na maior parte das vezes, os Malbec argentinos são mais encorpados que os franceses - o que faz serem indicados, em geral, para acompanhar pratos a base de carne vermelha, carregados no tempero.
A uva Bonarda por sua vez, tem a sua origem envolvida em uma interessante polêmica. Uma parte dos especialistas afirma que ela é originária da região de Piemonte, no norte da Itália, enquanto outros dizem ser originária do sul da França. O fato é que a uva chegou na Argentina ainda no final do século XIX, e de lá para cá tornou-se a segunda variedade mais plantada naquele país (atrás, apenas, da própria Malbec, um passinho a frente da Cabernet Sauvignon). A Bonarda tem taninos mais discretos, tem como características a acidez presente e o frescor, tendo sido, assim, tradicionalmente utilizada para suavizar vinhos produzidos a partir de uvas mais "potentes". Em geral, os vinhos produzidos apenas com Bonarda eram considerados "medíocres" (fracos e "ralos") e baratos (até porque a variedade é bem resistente a pragas), mas atualmente já se vê bons varietais, especialmente quando submetidos a envelhecimento em barris de carvalho (que confere, em geral, além de uma complexidade geral, adivinhem só... notas de baunilha).
É isso aí, pessoal!
Como sempre, estão todos convidados a participar.
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Um abração e "inté",
Thiago "Virgulino"