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A TRISTEZA E A PIEDADE

04 dez 2015 às 00:31

"Os dois sentimentos mais frequentes da Resistência foram a tristeza e a piedade". As duas últimas palavras desta frase, dita por Marcel Verdier, foram usadas como título deste corajoso e contundente documentário, A Tristeza e a Piedade, dirigido em 1969 pelo francês Marcel Ophüls. O diretor, autor também do roteiro, junto com André Harris, iniciou uma pesquisa sobre os anos da ocupação nazista na França. A motivação veio dos protestos dos estudantis em maio de 1968. O presidente francês de então, Charles De Gaulle, defendia a importância da resistência de seu país durante a Segunda Guerra Mundial. Isso incomodou Ophüls, que decidiu conduzir seu trabalho em uma pequena cidade, Clermont-Ferrant, localizada a quase 400 quilômetros de Paris. Lá, ele ouviu e gravou depoimentos de moradores que fizeram parte da Resistência, bem com de simpatizantes e colaboradores e até de oficiais do exército nazista. Além disso, Ophüls utilizou vasto material de arquivo. A Tristeza e a Piedade tem como subtítulo Crônica de Uma Cidade Francesa Sob Ocupação. Não poderia haver título melhor para resumir o que é mostrado neste documentário impactante e de valor histórico inestimável. O mais interessante é que ele retrata, sem maquiagem alguma, a realidade de um período de guerra. Período em que, apesar das consequências nefastas provocadas por um conflito, a vida, de alguma maneira, continua e tenta encontrar uma certa normalidade em seu cotidiano. Produzido pelas TVs alemã e suíça, a obra acabou sendo lançada nos cinemas dois anos depois e ficou inédita por mais de dez anos na França. Curiosamente, o filme foi criticado tanto pela esquerda como pela direita francesa da época. Prova de que algumas feridas não estavam bem cicatrizadas ainda.

A TRISTEZA E A PIEDADE (Le Chagrin et la Pitié - Alemanha/Suíça 1969). Direção: Marcel Ophüls. Documentário. Duração: 251 minutos. Distribuição: Bretz Filmes.


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