Um dia o trem passou por aqui
Ouço ao longe o apito do trem que me desassossega a alma As recordações que trazem, fazem-me viajar ao passado Com o trem que viveu comigo Recordo-me das badaladas do grande relógio na sala Soavam cinco horas da manhã. A casa punha-se em movimento,pois papai ia para o trabalho. O cheiro forte do café fresco. O pão com mistura e a pressa,pois ela estava chegando Imaginava sempre : Quem era ela? Quando papai dizia:- A Maria Fumaça se aproxima. Quando cresci um pouco mais Sabia então que em sua altivez de rainha, Imponência de uma deusa, era uma máquina Que levava e trazia as pessoas
Eu acompanhava papai e ficava na plataforma. Olhando aquele formigueiro de gente que ia e vinha. Acima de minha cabeça, Ficava o grande relógio da estação O túnel dava seu ar de mistério, medo. Chegava a hora o sino batia forte era tempo dela caminhar sobre os trilhos E suas rodas a levavam para longe. Hoje, olhando pela janela Sobre as rodas da Maria Fumaça vem à memória Os bons tempos de criança. Quando eu imaginava que a grandiosa máquina Não era senão uma bela mulher Com o nome de Maria e que soltava muita fumaça Ah!!!! Hoje, ela volta aos trilhos com sua magnitude, Trazendo junto à fumaça, lágrimas de saudade dos tempos Em que ela era algo, que estava ao meu lado, Todas as manhãs, mas distante dos meus sonhos d
e menina.Poema de Marli Boldori
Trem de Porto União (SC)
Um pouco de história:
A Locomotiva 310, de 1913, conhecida como Maria Fumaça, foi revitalizada em 2005 pela Associação "Amigos do Trem".
Ela fez parte da vida dos moradores das cidades gêmeas: Porto União ( SC ) e União da Vitória ( PR ).
Interessante registrar que, os trilhos do trem, ainda hoje, são um marco da divisa dos Estados do Paraná e Santa Catarina.
Em uma época do passado a travessia de uma cidade a outra somente era possível apenas pelo túnel, pois era mais seguro.
No ano de 2007, minha filha Mariane Boldori, finalizando seu TCC para o curso de Rádio e TV em Curitiba, realizou um trabalho como forma de homenagear esta máquina que muito ajudou a desenvolver as cidades gêmeas.
Abaixo, segue o poema que ilustrou parte deste trabalho.
Texto de Marli Boldori
Carlos Zemek (artista plástico e curador) e a professora Marli Boldori - Vernissage "Imagens do Mundo".