Bondinho dos Livros

Aulas de balé (crônica de Isabel Furini)

02 fev 2012 às 10:11

Nessa escola, como geralmente acontece, as meninas frequentavam aulas de
balé e os meninos, aulas de esportes como futebol ou artes marciais.

Um dia, Darcísio, o ruivo sardento entra na aula de balé. A professora,
gentilmente, solicita que ele se retire.

– Eu também quero fazer balé.

A professora fica impressionada pela coragem do rapaz e o deixa participar da
aula.

Um aluno da terceira série olha pela janela e o que vê o faz soltar um grito.
– Rapazes, tem um menino nas aulas de balé...

Foi uma algazarra. Todos gritando:
– Mexe o pé, Mariquinha.
– Dá um pulo, Mariquinha.

Risos e gritaria. Adriano, da oitava série, aproxima-se curioso com os gritos.

Quando vê o ruivo dançando balé, um sorriso apareceu em seu rosto.

– Ele é colega de sala... eu acho que seria melhor vocês ficarem de boca calada.

Você são tolos? Querem apanhar? Esse é Darcísio, ele é faixa preta.

– Ele é? - perguntou assustado o menino magricela.

Nesse momento, Darcísio saía da aula e perguntou:

– Quem estava gritando? Quem quer mexer comigo? Qual de vocês vai
encarar?

A turma foi recuando.

– Ei, magrinho, era você que estava gritando mexe o pé, Mariquinha.

– Não... sim... não... não... eu não sabia que você era faixa preta.

– Eu sou.

– E faz aulas de balé?

– Balé dá flexibilidade aos movimentos de karatê. A próxima vez que alguém
abrir a boca e comentar alguma besteira sobre mim ou sobre as aulas de balé,
vai se arrepender.

Na próxima aula de balé, a professora ficou surpresa. Havia sete rapazes na
porta da sala esperando-a. Queriam iniciar as aulas.


***


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