Blog do Lucio Flávio

Recorde brasileiro em Tóquio mostra que estamos longe de uma política olímpica

09 ago 2021 às 15:17

O Brasil terminou as Olimpíadas de Tóquio com a melhor participação da sua história. As 21 medalhas - sete de ouro, seis de prata e oito de bronze - deixaram o país na 12ª colocação no quadro de medalhas, superando a Rio-2016.

Ao mesmo tempo que o resultado merece aplausos mostra que ainda estamos longe de nos tornamos uma potência olímpica. Não nos faltam talentos natos e diversidade esportiva, no entanto, falta uma política clara de desenvolvimento esportivo.


Dos 11 países que ficaram a frente do Brasil no quadro de medalhas no Japão, só dois tem população maior que o Brasil. Os sempre campeões Estados Unidos e a China, segunda colocada. Temos muito espaço a evoluir com os nossos mais de 210 milhões de habitantes.


Somente a longo prazo poderemos brigar com potencias olímpicas como Japão, Austrália, França, Alemanha e Itália. E mesmo com tempo e investimento, será difícil acompanhá-los, pela tradição, dinheiro e políticas destes países.


Mas a comprovação que estamos muito longe de ser uma potência olímpica surge quando olhamos para o quadro de medalhas e vemos Cuba e Nova Zelândia com o mesmo número de ouros do Brasil.


A ilha do Caribe é um potência esportiva mesmo com apenas 11 milhões de habitantes, população menor que a do Paraná. A Nova Zelândia, com seus cinco milhões de habitantes, conquistou em Tóquio 20 medalhas, somente uma a menos que o Brasil.


O Brasil poderia e deveria ser pelo menos top-10 com frequência nos Jogos Olímpicos. E o caminho para isso é fazer do esporte uma política de educação. Apesar de 2019 para cá o investimento público ter sido cortado a quase zero no país, o alto volume de dinheiro colocado no esporte nos últimos 15 anos ainda gera resultados positivos. Os atletas da ponta ainda se beneficiam do que foi feito lá atrás.


O nosso gargalo, no entanto, está na base da pirâmide. A transformação do Brasil em uma potência olímpica passa por levar o esporte para dentro das escolas, como acontece nos países campeões. As escolas precisam estar preparadas, do ponto de vista estrutural e humano, para oferecer as crianças e aos adolescentes a maior gama possível de práticas esportivas. Não podemos continuar a ser o país que apenas joga bola.


A formação de campeões olímpicos passa por massificar cada vez mais a prática esportiva nas mais variadas modalidades e levar isso ao maior número de praticantes. Quanto mais gente competindo e se interessando pelo esporte, maior vai ser a chance de termos atletas olímpicos. As medalhas são consequências disso.

Enquanto o esporte não for uma política de educação do estado brasileiro, continuaremos dependendo da capacidade, do empenho e do heroísmo de alguns poucos campeões.


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