O primeiro jogo da decisão da Copa do Brasil entre Flamengo e Cruzeiro, no Maracanã, foi marcado por um confronto equilibrado dentro de campo e muitos problemas do lado de fora.
Foi mais um grande evento esportivo no Brasil com confusão na chegada ao estádio, confronto entre torcedores e forças policiais e badernas no interior do Maraca. Além disso tivemos uma enxurrada de ingressos falsos vendidos de forma livre.
Novamente ficou comprovada a nossa incompetência em realizar grandes espetáculos. Os problemas são inúmeros e parecem não diminuir nunca: confusão na venda de ingressos, nos acessos aos estádios, nas bilheterias, para ir ao banheiro, para ir a lanchonete, na hora de ir embora e tantas outras dificuldades que o torcedor encontra em todo jogo.
É inevitável jogarmos toda a culpa em cima dos organizadores, dos dirigentes e das autoridades. Claro que eles têm muita responsabilidade e, muitas vezes, são incompetentes demais. Mas, será que a culpa é só deles?
Onde entra a nossa responsabilidade como cidadão? As cenas vistas na noite de quinta-feira (7) no Maracanã deveriam trazer uma reflexão sobre qual o nosso papel para melhorarmos a sociedade brasileira.
Não consigo imaginar o que leva uma pessoa a caminho do estádio depredar tudo que está ao seu redor, fazer baderna, arruaça e até agredir quem tem uma paixão diferente ou só prefere uma cor diferente da sua.
E o que dizer do cidadão que compra o ingresso para um setor e danifica uma grade para invadir um outro setor do estádio? Onde foi parar a nossa educação? Onde está o nosso respeito pelo próximo?
Quando a pessoa ou um grupo delas resolve fazer algo errado não há quem segure. Não adianta colocar um batalhão inteiro nas ruas ou até mesmo o exército. Não vai adiantar. Precisamos fazer a nossa parte.
O Brasil vive o pior momento da sua história. Nunca se viu uma crise ética, moral, financeira, política e de princípios como a atual. Não há precedentes e nem uma luz no fim do túnel.
Culpar apenas os nossos corruptos políticos, que guardam em um apartamento R$ 51 milhões em dinheiro vivo não vai adiantar. Infelizmente, eles são o retrato fiel da nossa sociedade. Só tiram proveito em uma escala maior que nós, os pobres mortais.
Enquanto não mudarmos a nossa forma de pensar e agir, sobretudo em relação ao que é público e ao que é do outro vamos continuar nos levando para o buraco quem sabe até ao ponto de chegarmos a uma barbárie completa. Já estamos quase chegando lá.
Sem isso vamos continuar produzindo espetáculos deprimentes, elegendo corruptos e ladrões, educando mal as nossas crianças e jovens e levando o nosso país e o nosso povo a um caminho sem volta.