É muito difícil falar que já se viu de tudo no futebol brasileiro. Os nossos cartolas conseguem se superar todos os dias. Mas, confesso que o episódio da 'demissão' e 'recontratação' de Levir Culpi era algo inimaginável.
O presidente do Santos, Modesto Roma Júnior, demitiu o treinador por volta das 14h desta sexta-feira (20). Detalhe: a delegação retornava de Recife e Culpi seria informado ao chegar em Santos.
No trajeto, de ônibus, de São Paulo para a baixada santista, os jogadores já sabiam da decisão e decidiram intervir. Se reuniram com Roma Júnior e pediram a permanência do treinador. O dirigente, então, voltou atrás na decisão e decidiu não mais demitir o comandante.
Este é o reflexo claro do planejamento e da organização dos nossos clubes. Será que o presidente do Santos estava mesmo convicto em demitir o treinador ou quis tomar uma atitude pensando apenas na sua reeleição no final do ano? Jogou para a torcida.
Qual o respaldo do dirigente agora em relação ao elenco? E o treinador perante ao grupo de jogadores? Por mais experiente que seja, é sempre uma situação complicada.
Mesmo porque, apesar de alguns tropeços, o trabalho do Levir é bom. É só comparar. O Santos briga pelos primeiros lugares do Brasileiro e tem a mesma pontuação que Palmeiras e Grêmio. Quem tem o pior elenco entre os três? É fácil responder.
O Santos é só o exemplo da hora. Mas, atitudes como esta acontecem diariamente nos nossos clubes. Difícil imaginar um futebol profissional, organizado e com objetivos claros e definidos com esta postura.
Enquanto o nosso futebol for profissional só no vestiário e no gramado vamos continuar à margem dos grandes centros em termos de competitividade, atração, interesse popular e arrecadação. Pobre futebol brasileiro!