Beirada nipônica

País dos homens

16 jun 2019 às 10:38

Lí recentemente uma matéria sobre o rigor nos uniformes de trabalho para as mulhares japonesas. A maioria das corporações exigem que as funcionárias trabalhem uniformizadas, e os homens obrigados a estarem diariamente de gravata e paletó em cores sóbrias, que dizer, azul marinho, marrom escuro ou cinza. Nada diferente disso.
Já as mulheres vestem os uniformes cedidos pelas empresas, que consiste basicamente em saia, camisa, paletó e um adorno no pescoço ou na lapela.
A coisa é tão homogênea que na hora de grande movimento nas estações de trens, quando uma massa de pessoas caminham ao mesmo tempo, tudo é tão igual que fica praticamente impossível distinguir quem é quem.
A matéria foi sobre uma campanha iniciada por uma jovem chamada Yumi Ishikawa, que pede a abolição da obrigatoriedade das mulheres usarem salto alto para trabalharem.
Começou com uma reclamação sobre o assunto nas redes sociais, e fez chegar a reinvindicação até o Ministro do Trabalho e Bem Estar Social do Japão.
O assunto chega num momento delicado onde os Japão tenta incentivar mais mulheres a trabalharem ou voltarem ao trabalho, construindo creches e dando um pouco mais de condições para aquelas que desejam seguir carreira.
O Japão é definitivamente um país para homens. Tudo foi feito para eles, das leis até os costumes culturais. Ainda hoje, em cerimônias, o homem deve andar um pouco a frente da mulher, numa posição que demonstra claramente a posição de cada um.
Em matéria de igualdade dos gêneros elaborada no Forum Econômico Mundial do ano passado, entre 149 países o Japão ocupa a posição 110, ficando atrás de países India e Gana.
Acredito que dentre os países industrializados, o Japão esteja em último lugar no quesito igualdade de gêneros. Mas a culpa não é só dos homens, das leis ou do sistema. Tem também o aspecto cultural, onde as tarefas entre homens e mulheres são bem divididas. Quer dizer, ao homem está designado o sustento do lar, e às mulheres o cuidado com a família e os afazeres domésticos. Além de toda essa nítida divisão, a grande maioria das jovens que trabalham, deixam o emprego quando casam e preferem abandonar suas carreiras para cuidar dos filhos. Uma situação difícil de resolver a médio prazo, pois mudar toda uma cultura leva tempo e requer muita paciência.
Apesar de todo esforço da jovem Ishikawa, tenho a impressão de que as coisas ainda levarão algum tempo para mudar, e precisarão da tão falada paciência oriental.

Uniformização das mulheres


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