Estive numa escola colegial para falar sobre os recentes acontecimentos da Copa do Mundo. Os nipônicos gostam de saber detalhes que não saem nos noticiários japoneses e a opinião pessoal do palestrante. Tive que explicar dezenas de vezes as razões do Brasil não sair vencedor. Mais um monte de vezes sobre a goleada contra a Alemanha. Palpitei até sobre os convocados, já que antes da Copa, no mesmo colégio havia dito que os volantes possuíam características parecidas e num caso de emergência, numa necessidade de mudar o ritmo do jogo não haveria muitas opções.
Aqui é verão e passamos várias semanas com o termômetro marcando sempre acima dos 35 graus, e com a chuva a umidade também subiu criando uma atmosfera sufocante.
Japão é conservador em muitos aspectos, principalmente no que diz respeito às regras corporativas e ao sistema de ensino. Sistema esse que considero ultrapassadíssimo, onde um professor a frente da classe pensa deter o conhecimento e não aceita intromissões. Os uniformes dos alunos também são horríveis, sempre em tom escuro, alguns muitos parecidos com os uniformes do exército, com gola alta e vários botões dourados. Pode ser algum resquício de antigamente ou uma maneira sutil de mostrar que o regime e a disciplina são militares.
Mas fora das salas de aulas as coisas estão mudando, e acho que para melhor. O pessoal adolescente, aqueles que ditam uma nova moda, parece que estão saindo para quebrar uma série de tabus, como as saias sempre abaixo dos joelhos.
Os meninos, até por falta de opção com a calça comprida, o terno e a gravata, não tem muito que fazerem, mas as meninas, sempre mais livres com as suas saias e camisas, estão dando mais trabalho às escolas que se mete a controlar esses jovens fora do ambiente escolar.
Mesmo a favor das mudanças e pela renovação de ar no ambiente educacional, achei algumas meninas bem ousadas, livres do que "vão achar disso tudo".
Novas cabeças surgindo no país mais idoso do planeta, moderno, tecnológico, mas regido sob um sistema arcaico de regras e condutas.
Parabenizo esse meninos e meninas pela ousadia, pela coragem de quebrar normas e tabus, pela felicidade que mostram em serem o que querem ser.

Novos ares