O Japão é um dos poucos países, senão o único, que possui uma palavra específica para definir morte por excesso de trabalho. A palavra é "karoshi".
E é exatamente por causa do "karoshi" que uma das maiores empresas de publicidade do mundo está sendo processada.
A Dentsu é o sonho de todo profissional ligado à área de publicidade, uma espécie de Google ou Microsoft para os aficcionados em tecnologia.
O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem Estar reconheceu que uma funcionária da Dentsu, de apenas 24 anos, se suicidou pelo excesso de trabalho. Ela ainda não havia completado nem dois anos de trabalho.
Para quem vive longe da realidade social japonesa, acredito que seja difícil entender como isso acontece sem que ninguém faça nada.
Acontece que por aqui existe o "sempai" e "koohai", que significa o veterano e o recém contratado. Com a hierarquia rígida, os mais jovens, não conseguem dizer não aos veteranos e aí começam os abusos.
Essa hierarquia é ainda pior entre chefes e subordinados, chegando até às agressões físicas, pois retaliações morais são uma constante.
As empresas trabalham para diminuir essas agressões, mas de maneira "leve", para que a cultura da companhia não seja alterada. Outro fato que coopera para a continuidade desses fatos é que muitos chefes são ultrapassados, pois no país não existe o hábito de estudar ou mesmo fazer uma reciclagem, depois de formado.
A Dentsu já passou pela experiência de ter um funcionário se suicidando por excesso de trabalho, portanto é reincidente no fato.
E pensar que a imagem que temos das empresas de publicidade é de um ambiente alegre, aberto e com profissionais capacitadíssimos, já que normalmente envolve grandes somas.
Processos envolvendo mortes por excesso de trabalho aparecem aos montes, e deverá continuar por algum tempo, já que a estrutura corporativa ainda é bem vertical, e normalmente os chefes pessoas despreparadas para lidar com pessoas.
Karoshi