Parece que chamou muita atenção o fato dos japoneses limparem parte do estádio depois do término do jogo da sua seleção. Acho até que muitos se sentiram envergonhados por não fazerem à mesma coisa, deixando a sujeira espalhada mesmo sabendo que ela "era sua".
Por aqui tudo isso é normal, e esse hábito vem das escolas onde não existem faxineiros. Toda limpeza, incluindo a parte externa, são realizados pelos alunos. Os mais velhos e consequentemente das classes mais adiantadas é que tem a obrigação de limpar tudo. Os banheiros, escadas, corredores, a própria classe, o ginásio esportivo, a piscina e até o jardim são limpos pelos alunos. Não é de estranhar que quando adultos eles também limpem onde sujaram sem ninguém pedir.
Nos parques públicos é raro ver cestas de lixo, pois existe uma regra "invisível" que diz que cada um precisa levar seu próprio lixo para casa. Assim, a grande maioria dos nipônicos carrega um pequeno saco de lixo na bolsa, prevenindo-se para qualquer eventualidade.
Pensando no legado da Copa do Mundo, normalmente acreditamos que os estádios e a infra-estrutura construída é que passarão a ser usufruídos pela sociedade após os jogos. Isso pode ser verdade, mas apenas uma parte dessa verdade. No fundo, o que sobra em todos nós é o que vivenciamos, o que sentimos em relação a algumas coisas. As imagens dos japoneses fazendo o "trabalho duro" foram marcantes, além de ter sido uma demonstração de humildade que muitos das classes mais abastadas, tão comuns nas arquibancadas brasileiras não demonstraram possuir.
A seleção nipônica deve voltar mais cedo, pois não acredito numa vitória por diferença de dois gols contra a Colômbia. Muito ainda tem que ser melhorado nessa área, e acho até que um dia eles não serão considerados zebras, mas apesar do futebol zero mostrado até agora, bato palmas pela educação dentro e fora do campo, pelo espírito esportivo, pela solidariedade espontânea. Arrisco-me até em dizer que uns dos vencedores dessa Copa foram os japoneses.
Exemplo japonês