O Brasil acaba de se tornar o sétimo país garantido na Copa da África do Sul, no ano que vem - os outros são o anfitrião, as duas Coreias, Japão, Austrália e Holanda.
Mais do que isso, a Seleção mantém a marca de 100% de presença em Copas, com 20 participações (já contando a de 2014, que será por aqui).
E sequer precisou de uma atuação acima da média para vencer a Argentina, fora de casa, para carimbar a vaga.
Aproveitando-se muito bem das bolas paradas, o time de Dunga não desperdiçou as poucas oportunidades criadas para vencer por 3 a 1. E Felipe Melo, Luisão, Lúcio, Maicon e, principalmente Júlio César praticamente anularam o ataque adversário.
Luís Fabiano, em estado de graça, fez dois, chegou a nove gols nas Eliminatórias, e matou a reação adversária.
Mas a vitória não apaga as eternas falhas de uma equipe moldada para ganhar sem dar espetáculo, seguindo à risca a cartilha da Seleção campeão em 1994, que tinha no hoje técnico Dunga o seu capitão.
Como costuma fazer, o treinador montou o time com três volantes, chamou a Argentina para cima do Brasil e apostou nos contra-ataques. Tática que deu certo mais porque a frágil defesa rival deu muitos espaços nas bolas alççadas em cobrnaças de faltas.
As falhas do rival não foram reconhecidas pelo comandante do time nacional, mal-humorado e prepotente como sempre na entrevista coletiva após a partida. Se Dunga continuar achando que está tudo óitma em seu time, criando uma imagem ideal que não corresponde à realidade, as chances de um novo fiasco na Copa do Mundo aumentam bastante.
Até porque ainda existem muitas coisas a serem acertadas no time, que ainda se ressente de um lateral-esquerdo à altura do ocupante do outro lado do campo, seja ele Maicon ou Daniel Alves (André Santos até que não foi mal e deve se firmar como titular, mas precisa se soltar um pouco mais).
Outro problema sério é a péssima fase de dois titulares absolutos. Gilberto Silva (no seu caso o termo apropriado deveria ser ``má era´´) e Robinho. E seria melhor ter alguém para ajudar Kaka na armação porque o meia do Real Madrid é excelente jogador, mas fica sobrecarregado na função - o esforçado Elano, apesar das boas cobranças de falta, não é o mais indicado para este cargo.
Mas o time que vai para a Copa é este que está aí, talvez com uma ou duas alterações em um ano. Talvez até mesmo motivadas por contusões, algo comum nos últimos mundiais. Para o mal, como na ausência de Romário em 1998, e para o bem, com o corte de Émerson quatro anos depois.
Notas:
Júlio César - Não teve tanto trabalho, mas quando exigido fez três defesas sensacionais. Só não conseguiu evitar o golaço de Dátolo - Nota 9:
Maicon - Forte na marcação, apoiou com precisão quando teve espaço - 8:
Lúcio - Seguro na maior parte do tempo, apesar dos habituais momentos estabanados. Levou cartão e suspensão em lance bobo - 7:
Luisão - Jogou como veterano e não se assutou com os craques do adversário. Ainda fez um gol de cabeça - 8;
André Santos - Ainda demonstra alguma timidez e erra lances bobos. Mas não chega a comprometer - 6:
Felipe Melo - Discreto no jogo, até porque passou o tempo todo de olho em Messi. Cada vez mais titular do time, por merecimento - 7;
Gilberto Silva - Sempre chega atrasado nos lances, fazendo uma falta atrás da outra. Antes até justificava sua presença, e os habituais passes para o lado, com eficiência na marcação, algo que perdeu com o tempo. Não há nenhuma razão para sua presença quase eterna no meio-campo - 1;
Elano - Muito bem nas cobranças de falta, que abriram o caminho para vitória. Não por culpa dele, mas do treinador, deveria ser volante e não um falso meia porque não tem tanta técnica para ajudar Kaká - 7;
Kaká - Alguns lampejos e no mais a eficiência e categoria de sempre. Pena que levou cartão e cumprirá suspensão contra o Chile, - 8;
Robinho - Ninguém notou sua presença em campo. Precisa reencontrar o seu futebol, desaparecido há algum tempo - 2;
Luís Fabiano - Parece predestinado. Aporveitou bem as raras chances para marcar dois gols, o segundo com um toque de classe na saída do goleiro. Só não leva a nota máxima porque fez falta infantil que rendeu cartão amarelo e suspensão - 9;
Ramires - Entrou para puxar o contra-ataque e errou na única chance que teve de fazer isso. Mesmo jogando pouco tempo foi advertido e é mais um suspenso - 4;
Daniel Alves - Também entrou para dar velocidade, mas não teve chances reais - 5;
Adriano - Entrou no fim e praticamente não tocou na bola - sem nota.
Dunga - O de sempre. Escala o time com três volantes e abre mão de jogar bonito. Desta vez acertou na substituições, apesar da incompreensível manutenção de Gilberto Silva (ao menos sacou Robinho). No final do jogo, a exemplo do que fez até quando levantou o troféu da Copa em 1994, preferiu reclamar das críticas a celebrar a vaga conquistada. Jamais foi craque dentro de campo e dificilmente será fora dele. Pelas atitudes que toma fora de campo merecia zero, mas por vencer a Argentina em Rosário ganha um bônus - 4;