Crucificado e escolhido como o principal responsável pela eliminação brasileira na Copa, Felipe Melo certamente não é o maior culpado.
Porque ele nunca fez nada para estar na Seleção e não tem culpa nenhuma por ter sido convocado.
Os ``méritos´´ pelo fracasso na África do Sul -- não tanto pelo modesto sexto lugar, atrás inclusive da Argentina, mas pelo futebol feio que virou praxe nos últimos quatro anos -- são, basicamente de três pessoas: Ricardo Teixeira, Dunga e Jorginho.
O primeiro porque, depois de ver sua política de oba-oba com patrocinadores falhar no Mundial da Alemanha, resolveu militarizar a Seleção, a partir da escolha do técnico, que parece ter saído ontem da caserna.
Mas não dá para esperar muito mais do presidente da CBF, que pouco entende de futebol e normalmente passa longe do bom-senso indicado para lidar com estas questões.
O segundo é o principal culpado pela perda de identidade da Seleção, ao contrário do que ele costuma falar. Porque pode até ter criado um bom relacionamento dentro do ``grupo´´, mas distanciou demais seu time do estilo brasileiro.
Péssimo nas escolhas de jogadores -- como justificar Afonso Alves, Gilberto Silva, Felipe Melo, Doni, Júlio Baptista, entre outros --, e extremamente conservador e retranqueiro nas escalações, Dunga perdeu inclusive sua propalada coerência na reta final.
Porque, com medo de levar jogadores talentosos e com personalidade como Ronaldinho Gaúcho, Ganso e Neymar para a Copa, virou refém de suas próprias escolhas equivocadas. Até prometeu que teria um reserva à altura para cada posição, mas não cumpriu a promessa.
Porque Daniel Alves não joga na mesma posição que Elano. E Júlio Baptista não é nem sombra de Kaká -- e também nunca foi armador, já que começou como volante. E Michel Bastos e Gilberto, hoje atuando no meio-campo em seus clubes, mostraram absoluto desconforto em voltar à lateral-esquerda.
Se isso for coerência, imagina o que é incoerência.
Finalizando a lista de culpados, Jorginho pecou pela omissão, deixando o comandante levar a nau descontrolada em direção ao rochedo sem alertar para o desastre iminente. Na verdade, o assistente, que ao contrário do treinador foi um excelente jogador, só apareceu ao amplificar as críticas de Dunga à imprensa, como se os jornalistas fossem os culpados pela pobreza tática e técnica da Seleção.
Para 2014, Teixeira, que desfila pelo Brasil como um príncipe a ser coroado, enquanto prepara a Copa do Mundo, tem a chance de apagar os erros dos dois últimos mundiais. Por isso anda atrás de Felipão, que não reza por sua cartilha, até por ter independência e personalidade, mas já salvou a pele do dirigente em 2002.