O desembargador Clayton Camargo, da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná, descartou em caráter liminar o pedido de habeas corpus para revogar a prisão preventiva pela defesa de José Mauro Lopes da Silva, 25 anos, um dos três suspeitos de matar a facadas a travesti Scarlet na madrugada do dia 10 de dezembro. O rapaz continua preso no CIAC, antigo 4º Distrito Policial (DP), na avenida Dez de Dezembro. Anderson Aparecido dos Santos Pires, 28, e Kenny Roger Fioravante Pereira, 26, também são investigados. O crime aconteceu na esquina da rua Cabo Verde com a avenida Leste Oeste, região central de Londrina.
O advogado Alessandro Rodrigues pleiteou a aplicação de medidas cautelares, como a tornozeleira eletrônica, mas a solicitação foi indeferida. No HC, afirmou que José Mauro não participou da briga que teria resultado na morte de Scarlet. "Ele nunca possuiu ou tocou em qualquer faca ou canivete. Era apenas um dos ocupantes do veículo. A confusão foi protagonizada entre Anderson, que agiu em legítima defesa, e a vítima. A prisão é desnecessária e ilegal. Não há qualquer depoimento ou outro tipo de prova que o coloque como autor do delito. A outra travesti que também teria sido ferida, a única testemunha presente, disse na delegacia que sequer presenciou as agressões, não sabendo mencionar quem seriam os responsáveis", explicou.
Para Rodrigues, "o desembargador, ao que parece, deixou de analisar os importantes argumentos expostos no habeas corpus e entendeu que se trata de assunto de mérito. Na verdade, são argumentos que evidenciam a total ausência de indícios de autoria em relação a José Mauro", completou.
O caso
De acordo com a Polícia Militar, os três suspeitos passaram em um Citroen prata pela Leste Oeste, desceram do carro na altura da rua Cabo Verde e passaram a agredir Scarlet e a outra travesti. O veículo era conduzido por Anderson. Kenny e José disseram que o automóvel onde eles estavam foi atingido no para-brisa por um tijolo depois de uma confusão generalizada.
Os dois informaram que deixaram o local para levar o motorista a um hospital, que teria sido ferido durante o alvoroço. Após ter sido golpeada, Scarlet ficou caída no chão até a chegada dos socorristas do Siate, que apenas constataram a morte. Segundo a Polícia Civil, o caso pode render um indiciamento por homicídio qualificado e tentativa de homicídio.
O advogado de Anderson Pires, Alessandro Cogo, reiterou que o jovem "apenas tentou se defender". Ele também vai tentar revogar a prisão com um habeas corpus. Já a defesa de Kenny Roger nega as acusações.