O Instituto de Criminalística de Londrina concluiu a perícia feita no carro que, segundo a Polícia Militar, foi abandonado na avenida Dez de Dezembro pelos três suspeitos de envolvimento na morte da travesti Scarlety, na madrugada do dia 10 de dezembro, na esquina da Leste Oeste com a rua Cabo Verde, região central. Ela teria sido esfaqueada durante uma briga com Anderson Aparecido dos Santos Pires, 28, Kenny Roger Fioravante Pereira, 26, e José Mauro Lopes da Silva, 25. Todos continuam soltos, mas, por determinação da juíza da 1ª Vara Criminal, Elisabeth Kather, estão usando tornozeleiras eletrônicas.
O laudo, assinado pelo perito criminal José Denílson dos Santos, identificou estragos e vestígios de sangue no Citroen C3 prata e modelo 2006. O exame foi iniciado no local onde o veículo foi deixado, a 100 metros da transposição com a avenida JK, e encerrado no pátio da 10ª Subdivisão Policial, na rua São Pedro, zona leste.
No documento, Santos escreve ter encontrado um rompimento parcial do parabrisa com as características de ter sido produzido por instrumento contundente de fora para dentro; sinais de compressão do paralama anterior esquerdo possivelmente produzidos por objeto cortante da esquerda para a direita; amassos na lataria da porta anterior direita, próximo ao vão do vidro, assim como o rompimento da própria vidraça; uma carteira de cigarro com a presença de sangue na embalagem externa.
Além disso, manchas e respingos também foram notados no estofamento do encosto do banco anterior esquerdo, na lataria da porta anterior esquerda, no volante e na lataria da caixa de ar, onde três amostras foram coletadas.
Reações
Segundo o advogado Alessandro Rodrigues, que defende José Lopes da Silva, "o conteúdo do laudo apenas evidencia que os suspeitos foram previamente atacados pelos travestis, pois arremessaram uma pedra no veículo que eles ocupavam. Ficou claro, portanto, o início de toda confusão".
O advogado Alessandro Cogo, que responde por Anderson Pires, considerou o apontamento da Criminalística como "muito relevante, sobretudo porque comprova que realmente foi desferida uma tijolada que causou avarias no carro". A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Kenny Fioravante.
Inquérito
A investigação segue na Delegacia de Homicídios. O inquérito policial até chegou a ser enviado ao promotor Ricardo Domingues, mas ele disse que não seria possível oferecer uma eventual denúncia pela falta de elementos. No dia 9 de janeiro, a Justiça deu 90 dias para encerrar a apuração.
Nesse período, deverão ser enviados o laudo do Instituto Médico Legal de necropsia da vítima, o do local de morte, o que comprova as lesões de outra travesti que presenciou as agressões e o exame toxicológico de uma porção de cocaína apreendida com os rapazes.