Nem a pé dá para escapar do mega-aumento dos combustíveis anunciado pela Petrobras no último dia 10. A alta da inflação atingirá a todos. Mas quem depende do uso constante do carro terá um desafio maior para não ter suas atividades inviabilizadas pela bomba do posto.
Especialistas afirmam, porém, que alguns cuidados na condução do veículo, a utilização correta de equipamentos do carro e manutenção periódica podem diminuir consideravelmente o desperdício.
Desligar o ar-condicionado, que é a mais óbvia e também a mensurável das orientações, pode reduzir o consumo mensal em 10%, considerando o exemplo de um motorista que faz o uso contínuo do equipamento.
Considerando o preço do litro de gasolina mais caro registrado na semana passada na capital paulista pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível), que foi de R$ 7,60, o motorista que abre mão desse conforto economiza R$ 30,40 a cada tanque de 40 litros.
E se for impossível suportar o calor sem ligar o ar? Vidros fechados diminuem o consumo de energia necessária para resfriar o ambiente, além de reduzir a resistência aerodinâmica no deslocamento, o que também gera ligeira economia.
A maneira de conduzir o veículo também resulta em maior ou menor gasto de combustível, principalmente no "anda e para" do trânsito das grandes cidades. Nos modelos de câmbio manual, o segredo é acertar o tempo para as trocas de marcha, segundo Rafael Serralvo, professor de engenharia mecânica do Centro Universitário FEI.
Marchas devem ser passadas sem acelerações bruscas, antes que o ponteiro ou sinalizador digital do conta-giros no painel do carro chegue ao seu limite. A troca perto desse limite é um recurso válido na estrada, mas não na cidade.
"Carros automáticos trabalham com um consumo mais baixo. Algumas gerações mais novas [de veículos] têm até oito marchas, justamente para gastar a menor quantidade possível de combustível", comenta Serralvo.
Pé na tábua definitivamente não é uma opção em tempos de mega-aumento dos combustíveis. Pisadas agressivas no acelerador também aumentam o desperdício.
Clayton Barcelos Zabeu, engenheiro mecânico do Instituto Mauá de Tecnologia, diz que o ideal é manter o ponteiro vermelho do conta-giros entre 1.500 e 3.000 rotações por minuto (RPM). Isso é menos da metade do limite do mostrador da maioria dos veículos.
Ainda em relação à dirigir na cidade, Zabeu aponta que evitar acelerações bruscas contribui para a economia. "Com o motor trabalhando entre 1.500 e 3.000 RPMs (Rotações por Minuto), sem grandes pisadas agressivas no acelerador, tende a reduzir o consumo de combustível", detalha.
É na oficina mecânica que ao menos parte do desperdício pode ser resolvido. Peças ligadas à ignição, como a vela e a bobina, devem ser verificadas periodicamente. O processo de combustão danifica equipamentos ao longo do tempo, prejudicando o desempenho do motor.
Pneus calibrados corretamente (a verificação deve ser feita uma vez por semana) e dentro do período de vida útil recomendado pelo fabricante também entram na lista de cuidados essenciais.
Orientações sobre revisões periódicas podem ser consultadas no manual do veículo. Quem não tem o item em mãos pode fazer a verificação na página do fabricante na internet.
Antes de sair para rodar, vale olhar o porta-malas e verificar se não está carregando peso desnecessário. Quanto mais peso, maior o gasto de energia para tirar o automóvel do lugar. O mesmo vale para acessórios, como bagageiros. O ideal é manter apenas o essencial.