A chegada da internet 5G vai facilitar a circulação de carros autônomos por ruas e rodovias, e isso traz uma nova preocupação. Altamente conectados, veículos capazes de rodar sem motorista podem ser alvo de ciberataques.
De acordo com a Kaspersky, empresa especializada em cibersegurança, ocorreram 105 milhões de ataques contra dispositivos IoT (sigla em inglês para internet das coisas) nos primeiros seis meses de 2019.
"Um ciberataque pode resultar em sequestro de um caminhão ou roubo de mercadorias. Também pode provocar acidentes de forma deliberada", diz Fernanda Gusmão, especialista do Instituto de Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas.
Segundo simulações do Yunker Lab, laboratório americano especializado em física, alguns poucos carros autônomos que parem no meio de uma avenida podem paralisar por completo uma cidade como Manhattan.
Esses cenários fazem as fabricantes investirem em alternativas que permitam preservar a segurança dos automóveis autônomos.
Algumas iniciativas virão do setor aéreo, que já opera há anos com alto nível de automação. Contudo, o trânsito urbano e suas variáveis (pedestres, animais, semáforos, cruzamentos etc.) exige novos protocolos de segurança.
Segundo Gusmão, as soluções nas áreas de criptografia, software e hardware precisam ser conciliadas a proteções mecânicas.
"O software e o hardware devem ter um certo grau de confiabilidade, e o acesso físico aos equipamentos precisa ser restrito para dificultar a ação dos hackers", diz.
Gusmão diz também que, como a comunicação entre carros autônomos é fundamental, há a necessidade de empregar protocolos de segurança semelhantes aos usados em sistemas bancários.
Contudo, se houver necessidade de comandos físicos que sirvam de backup em caso de invasão, surgem limitações. Como ocorre nas aeronaves, o fato de poder se locomover por conta própria não eliminaria a presença humana no posto de condução.
Essa necessidade inviabiliza os veículos autônomos nível 5. Nessa categoria, os veículos poderiam se mover pela cidade sem ninguém a bordo, o que permitiria a existência de veículos que poderiam retornar à garagem de casa após deixar seu proprietário no destino.
Montadoras e desenvolvedores trabalham em sigilo em busca de soluções, mas é difícil prever se o mundo verá carros vazios rodando por suas ruas. Havia expectativa de que isso iria ocorrer por volta de 2025, mas questões de segurança devem adiar os planos.