O índice de CNH's (Carteiras Nacionais de Habilitação) de pessoas que possuem alguma restrição visual aumentou 44% entre 2014 e 2020, segundo um levantamento realizado pelo CNO (Conselho Nacional de Oftalmologia). "Hoje, 28% dos habilitados têm alguma restrição. O acompanhamento de saúde por especialistas com regularidade é fundamental para termos um trânsito mais seguro”, afirma o médico Alysson Coimbra, coordenador da Mobilização Nacional dos Médicos e Psicólogos Especialistas em Trânsito e diretor da Ammetra (Associação Mineira de Medicina do Tráfego).
As deficiências visuais são uma das principais causas de acidentes no trânsito. "Durante as perícias de trânsito, podemos constatar o quanto nossos motoristas estão mais desatentos e com maior dificuldade na avaliação visual, o que está relacionado ao aumento do tempo de uso de telas de celulares e computadores devido às restrições impostas pela pandemia. Muitas vezes precisamos repetir a mesma solicitação devido à dificuldade de concentração do paciente, e é quando percebemos mudanças repentinas no olhar e tom de voz, o que demonstra a inabilidade desses condutores em conviver com tamanha carga emocional provocada pela pandemia”, observa Coimbra.
Restrições visuais
Nos últimos cinco anos, cerca de 250 mil acidentes em rodovias brasileiras foram provocados por problemas de saúde, conforme pesquisa realizada pela Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego). Os casos geraram 12.449 mortes e 208.716 feridos.
Atualmente, todos os candidatos à obtenção da CNH e os motoristas habilitados são avaliados por especialistas em Medicina do Tráfego. Essa determinação segue a resolução 425/2012 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito)
Nesta semana, o Congresso Nacional deve analisar o veto ao Caput do artigo 147 da nova Lei de Trânsito, que caso mantido tira das mãos dos especialistas a avaliação dos condutores brasileiros. O Conselho de Oftalmologia reafirma a importância desses exames, pois, segundo a entidade, eles detectam precocemente os problemas de saúde.