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Consumidor quer carro novo, mas falta crédito e sobram juros

12 set 2022 às 17:15

Os bons números de produção e vendas registrados em agosto não são suficientes para dissipar as dúvidas sobre a indústria automotiva. A melhora no fornecimento de componentes e o interesse dos consumidores esbarram em juros altos e crédito restrito.


Desejo há: segundo levantamento feito pelo Webmotors Autosights, 83% dos consumidores que passaram pelo portal de classificados pretendem comprar um carro ""ou trocar o antigo por um mais novo"" ainda neste ano.


A pesquisa, que teve 2.000 entrevistados, mostra que os SUVs com motor flex, sejam usados ou zero-quilômetro, têm 41% da preferência.


O problema aparece na forma de pagamento: 60% dos ouvidos pretendem recorrer ao financiamento. Com a taxa básica de juros beirando os 14%, o cenário não é dos melhores para isso.


Nesta sexta (9), o presidente da Anfavea, Márcio Lima Leite, disse que cerca de 70% dos carros vendidos em agosto foram pagos à vista. É algo raro, que ocorre pelo encarecimento do crédito ""ou pela falta dele.

Além disso, 52% dos licenciamentos foram por meio de venda direta. Os principais clientes, portanto, foram empresas como as locadoras. No varejo, os índices de inadimplência seguem crescendo mês a mês.


Para o consumidor pessoa física, modelos mais caros começam a ser anunciados com valores abaixo de tabelas como Fipe e KBB Brasil. Isso não significa que estejam baratos, mas que há uma correção das distorções.


Com a falta de automóveis novos para pronta entrega, os valores de modelos seminovos dispararam. As tabelas de referência ficaram defasadas e, ao longo de 2021 e 2022, foram sendo reajustadas. Agora começa a ocorrer o movimento inverso.


Entre os 0 km, a volta das promoções com parcelamento "sem juros" em poucos meses e prazos maiores de carência mostra que há preocupação com estoques. O objetivo é atrair consumidores com bom perfil de crédito, mas que não se animam a trocar de carro agora.


Todos esses fatores revelam que há um processo de readequação do mercado em curso, cuja duração ainda é difícil de estimar.

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