Automotivo

Mercado automotivo ainda espera retomar números pré-pandemia

12 abr 2024 às 15:00

O mercado brasileiro fechou o ano de 2023 com 2,308 milhões de autoveículos licenciados, contra 2,57 milhões de autoveículos licenciados em 2019, no período pré-pandemia. 


 As projeções da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) estimam para o setor, em 2024, um crescimento nos emplacamentos de 6,1%, atingindo 2,47 milhões de emplacamentos, mas ainda abaixo dos números anteriores à pandemia da covid-19. 


O México foi o principal destino das exportações brasileiras (32% do total), posição que historicamente a Argentina jamais havia perdido. Além da maior presença de produtos brasileiros no México (8% do total), o mercado local cresceu 24,4% no ano. 


Fora os embarques para o México, que cresceram 51% na comparação com 2022, apenas o Uruguai teve um acréscimo, de 5%. Com a queda de todos os outros mercados, entre eles alguns importantes, como Argentina (-16%), Chile (-57%) e Colômbia (-53%), nossas exportações recuaram 16%, totalizando 403,9 mil unidades. 


EXPOLONDRINA 


Diversas marcas de veículos marcam presença na ExpoLondrina 2024, apostando no potencial de vitrine para a realização de novos negócios. 


“Tivemos impactos importantes na pandemia, com baixa de produção, problemas de vendas e tivemos uma série de questões que impactam sensivelmente a indústria automotiva, que começou a se recuperar. Ainda não atingimos os níveis de 2013, por exemplo, que foi o boom da indústria neste século, mas tivemos um número em torno de 2.200 unidades vendidas. A expectativa deste ano é que a gente melhore ainda mais”, declarou o vice-presidente de comunicação, relações públicas e ESG da GM para a América do Sul, Fábio Rua.


Ele projeta que a GM chegue a um patamar em torno de 2,4 milhões de unidades. A General Motors teve um crescimento por volta de 12% em vendas em relação ao ano anterior e esse ano e ele espera ter um crescimento mais ou menos dessa ordem. 


“É um ano desafiador, pois chegaram novos concorrentes no mercado, principalmente empresas chinesas novas, que não faziam parte desse ambiente competitivo. A gente tem a expectativa de que, com todo o investimento em inovação que a gente está fazendo, todo investimento em tecnologia e em design que a gente vai continuar tendo uma posição importante e de destaque no cenário automotivo brasileiro.”


“Em março, nós lançamos a nova Spin, que também está em exposição aqui. Em mais uns 40 dias a gente ainda deve lançar a Trail Blazer. E no segundo semestre, a gente deve lançar os dois elétricos: a Blazer e a Equinox, as duas 100% elétricas. E ainda temos mais um lançamento até o final do ano, que será anunciado em breve.” 


Ele explicou que a transição do carro a combustão para o carro elétrico, por si só, já tem um componente ESG muito claro. 


“Os carros elétricos não têm emissões de carbono saindo dos seus veículos, e têm um índice de sustentabilidade maior, porque é uma matriz limpa. Nós temos, obviamente, a preocupação de trabalhar toda a nossa cadeia de suprimentos. Para que essa cadeia forneça peças cada vez mais sustentáveis. A gente tem uma meta de até 2030 termos o equivalente a 50% dos nossos fornecedores certificados para o fornecimento de peças sustentáveis para os veículos”, destacou.


“A Expo Londrina é uma feira que não para de crescer, que possui cada vez mais representantes do setor automotivo expondo os seus veículos, cada vez mais com tecnologia embarcada e características voltadas para o público local, que é uma região de agronegócio muito forte na qual as picapes têm uma saída muito importante e configura um mercado chave para a gente”, declarou Rua.


O Diretor comercial da Metronorte, Waldir Rezende Filho, afirmou que a situação de crise da agricultura tem afetado todos os mercados. 


“Mas a ExpoLondrina é uma injeção na veia para nos ajudar bastante e estamos fazendo bons negócios. Para cada necessidade há um plano que se adequa bem certinho. A ExpoLondrina é uma das festas mais grandiosas do Brasil, e nós não podíamos deixar de estar junto com a Chevrolet, junto com a Sociedade Rural do Paraná, participando de uma forma bem intensa.” 


Em fevereiro a Hyundai anunciou o investimento de R$ 5,5 bilhões no Brasil em 10 anos. O valor investido será distribuído ao longo de 10 anos, com o principal objetivo de desenvolver tecnologias verdes e hidrogênio, incluindo a comercialização de veículos elétricos, híbridos e o investimento em pesquisas feitas em universidades privadas e públicas alinhadas às políticas de descarbonização, aprimorando também os conceitos de manufatura, que dentro da Hyundai já seguem índices de sustentabilidade com padrões internacionais. 


Em visita ao estande da marca na Expolondrina, o presidente da Hyundai Motor Brasil e das Américas Central e do Sul, Airton Cousseau, relatou que a fábrica de Piracicaba produz 200 mil carros por ano, sempre trabalhando em três turnos ininterruptamente desde que as operações começaram no Brasil em 2012, o que impede a produção de mais algum veículo da marca, como uma picape voltada ao setor agro. 


Questionado sobre a possibilidade de desenvolver motores movidos à hidrogênio, Cousseau afirmou que o Brasil tem uma coisa extremamente positiva, que é o etanol. 


“Você pode produzir hidrogênio através do etanol. Não sou químico, mas me parece que o etanol tem seis moléculas de hidrogênio contra duas da água, é uma das melhores alternativas para gerar esse combustível”, apontou.


"Nós estivemos com o nosso chairman visitando a USP (Universidade de São Paulo) que desenvolve os estudos sobre a questão de combustível de hidrogênio a partir do etanol e a maior vantagem é que em todo o ciclo, é o único que dá uma emissão negativa de CO2, então é uma possibilidade gigante, porque o Brasil é um dos maiores produtores de etanol.”



A Toyota anunciou em março deste ano um ciclo de investimentos de R$ 11 bilhões para o Brasil até 2030, dos quais R$ 5 bilhões devem ser aplicados até 2026. Boa parte deste valor será usado para ampliar a fábrica de Sorocaba (SP) e estruturar os próximos lançamentos da marca. 


O supervisor de venda direta da Toyopar, Danilo Bossoni de Paula, avalia que o mercado automotivo brasileiro vem em uma crescente muito grande desde a pandemia, com alta de preço, de volume e de negociações.


“Havia falta de produtos e hoje o mercado já estabilizou nessa parte de demanda, porém ele esfriou em função da economia atual”, observou. Ele exemplificou que houve queda da produtividade tanto na agricultura quanto na pecuária e isso se somou à sobrecarga de estoque e menos volume de venda. 


“Já está um pouco mais difícil de realizar negociações de venda devido ao cenário atual do setor agropecuário, estamos conseguindo atingir as metas com bastante trabalho.”


Ele apontou que a Toyota tem investido bastante em tecnologia. “Ela foi a primeira empresa a desenvolver o veículo híbrido no Brasil, com o Prius em 2011, e agora tem as linhas Corolla Cross, Corolla Sedane e vai ter o lançamento do Yaris Cross, todos eles híbridos. Em breve haverá mais uma linha de van da Toyota que tem bastante sucesso lá no Japão. Eu acredito que vamos ter um volume muito grande de vendas esse ano.”


Com a chegada de novos concorrentes no mercado, sobretudo no setor de automóveis 100% elétricos, ele expôs que a Toyota é um pouco mais conservadora e está esperando ver como o mercado reage a essas novas tecnologias. Ela já está começando a enxergar com mais força esse mercado atual e sobre os rumores da linha com motor hidrogênio. Ele explicou que ainda não tem informação oficial da Toyota. O supervisor destacou que o mercado paranaense e o londrinense movimenta muito capital. 


“O Paraná é uma das locomotivas do Brasil e produz muito, assim como todos os Estados do Sul do Brasil. A gente acredita que vai recuperar de todo o déficit que teve nos últimos anos. Trouxemos para exposição quase todo o mix que a gente tem disponível na loja, tirando apenas o Lexus, que a gente não tem estoque e é feito sob encomenda.”


HÍBRIDOS E ELÉTRICOS 


O Embaixador de vendas da E-brum GWM, Alessandro Souza, explicou que a GWM está há apenas um ano no mercado e tem emplacado em torno de 2.000 a 3.000 unidades este mês. “A nossa marca vem com conceito de produto diferente do carro à combustão. Os nossos carros são híbridos, que é carro à combustão com auxílio do motor elétrico. 


"Temos o Ora, que é 100% elétrico. Cada vez mais o pessoal está querendo economizar combustível com o melhor desempenho do carro. A gente tem veículos com muita tecnologia a um valor acessível. A GWM está investindo na compra de uma planta no Estado de São Paulo, onde ficava a montadora da Mercedes Benz, porque estão realmente acreditando no mercado brasileiro.” 


Sobre a montagem do estande da marca na ExpoLondrina, ele apontou que o produtor rural possui preferência por veículos como a caminhonete, mas a marca sabe que a família desse produtor precisa de um carro para o dia a dia, para usar com o cônjuge e seus filhos. “A marca está dentro da feira para se posicionar e apresentar o produto para as pessoas e é uma oportunidade do visitante conhecer o carro.”


Para Luciano Araújo, da Nicenter, a Nissan aposta em produtos consagrados para o ano de 2024, com novos modelos. Araújo ressaltou que a fábrica da Nissan tem acreditado no potencial do mercado brasileiro e aposta na oferta principalmente da Frontier, com condição de preço bem agressiva, a R$ 239.990. “O novo Sentra também é outra aposta e está saindo a partir de R$149.900.” 


Em relação aos veículos elétricos, a Nissan comercializa o Leaf, que é 100% elétrico. “Porém ele é vendido somente em Curitiba e São Paulo, onde o mercado para este tipo de produto é maior. Aqui no Brasil tem projeção de aumentar a produção de novos modelos e estamos com a expectativa para o ano que vem do novo Kicks 2025.” Ele ressaltou que os veículos Nissan são produtos de tecnologia 100% japonesa e que possui produtos com boa tecnologia e boa aceitação do mercado. 


O investimento total do grupo Stellantis no Brasil será de R$ 30 bilhões entre 2025 e 2030, com a promessa de pelo menos 40 novos lançamentos no período. A Stellantis também já confirmou que o sistema Bio-Hybrid chegará aos modelos vendidos no Brasil a partir de 2024 e inclui três tipos de hibridização: híbrido-leve (MHEV), híbrido convencional (HEV) e híbrido plug-in (PHEV). A meta é descarbonizar toda a operação global da Stellantis até 2038 e, no caso do Brasil, ter pelo menos 20% do portfólio nacional eletrificado até 2030. 


O diretor executivo do grupo Marajó, Eduardo Meneghetti, que comercializa as marcas Fiat, RAM e Jeep em Londrina, ressaltou que o mercado automotivo atual está aquecido em relação a 2023, principalmente na região em que o agro é atuante. “A gente sabe que o agro poderia estar muito melhor, mas a nossa região é muito forte, então, para nós, todas as marcas que o grupo Marajó representa estão muito bem, tanto a Fiat, como RAM e Jeep estão fortes.” Esse ano a feira já começou um sucesso para nós e mais forte do que o ano passado. 


A Fiat tem mais de 50 anos de Brasil e a Marajó também abriu junto com a Fiat. A gente passou por diversos transformações de mercado e sabe que ele é muito cíclico, mas nos últimos 20 anos a Fiat está em um momento muito bom. O cliente sempre volta. Aqui em Londrina nós temos mais de 30% do mercado, o que é bastante bom”, destacou ele.


O gerente comercial do grupo Barigui, Bakr Mohamade Ghazzawi, que comercializa veículos Ford, relatou que o mercado automotivo nacional enfrenta muitos desafios. “A gente passou por um período um pouco mais conturbado, mas o mercado se adequa e essa retomada veio nesse ano e projetamos crescimento para este e para os próximos anos, principalmente ligando com as novidades lançadas. Nós, aqui da Ford, lançamos uma gama de produtos muito vasta no último ano e continuamos lançando novos produtos e temos grandes novidades até o final de 2024.” 


Ele ressaltou que a gama de produtos da Ford tem tornado as picapes grandes o segmento premium da montadora. Sobre o catálogo de veículos elétricos, ele apontou que a marca possui produtos elétricos e híbridos. “Temos uma picape híbrida, que é a Maverick. Respeitamos os outros concorrentes que podem ter carros elétricos, mas a Ford é a única que tem um Mustang elétrico. A nossa aceitação está sendo muito boa. Já tivemos mais de 10 mil passantes no nosso estande nesses dias de feira”, ressaltou.


O gerente de filial da Servopa, Mário Messias Canaan Leal, representa o segmento de caminhões e ônibus da Volkswagen na cidade de Cambé. “A gente tem inúmeros desafios, mas estamos apostando no crescimento do nosso negócio. Não adianta ser só otimista. Temos que tomar ações que garantam a sustentabilidade do nosso negócio, independente das inúmeras dificuldades que a gente está vivendo na nossa economia. Participar da ExpoLondrina é uma dessas ações.” 


Desde 2012 a marca não participava da ExpoLondrina e percebeu que tem sido uma experiência bem positiva. “Estamos conseguindo levantar alguns negócios e a gente espera ter um saldo bem favorável para alavancar as vendas iniciadas aqui dentro.Isso é fruto de um trabalho incansável, onde a gente preza muito o cliente em primeiro lugar.”


O consultor da montadora Volkswagen, Otávio Gonçalves, reforçou que no mercado brasileiro a marca Volkswagen vem se consolidando cada vez mais no setor de ônibus e caminhões. “Iniciamos o ano com grande desafio e apostamos no crescimento de mercado. Acreditamos nisso e a parceria com a Servopa é sólida e de longa data. Por isso nós estamos aqui, fazendo este evento compartilhado para exposição das marcas e produtos para os visitantes. Nosso objetivo realmente é estar muito próximo do cliente cada vez mais.


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