O ator americano Terry Crews, famoso pelo seriado 'Todo Mundo Odeia o Chris', publicou esta semana uma série de vídeos nas redes sociais, já assistida por milhões de pessoas, que deixou uma polêmica no ar sobre pornografia e vício.
Ex-jogador de futebol americano e famoso por sua participação em produções de comédia, Crews deu nome a sua websérie, dividida em três partes, de Dirty Little Secrets (algo como "Segredinhos sujos").
Trata-se de um relato sobre sua compulsão por pornografia, que ele diz ter começado aos 12 anos de idade. A primeira parte da série foi visita mais de 3 milhões de vezes e atraiu milhares de comentários.
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Crews conta que passava horas de seus dias assistindo a filmes pornôs. "A pornografia atrapalhou a minha vida de várias formas", diz. "Se o dia virou noite e você ainda está assistindo, você provavelmente tem um problema. E esse era eu."
O ator reconhece ainda que o vício quase lhe custou o relacionamento com sua mulher, a cantora gospel Rebecca King-Crews, de quem chegou a ficar temporariamente separado.
O retorno foi imediato: de um lado, milhares de pessoas aplaudiram Crews no Facebook, elogiando principalmente sua sinceridade. De outro, vários usuários começaram a compartilhar também suas próprias experiências envolvendo compulsões relacionadas ao sexo. "Eu tenho lutado há anos – ANOS – contra a pornografia. E hoje sou grato por poder dizer que estou sóbrio e que tenho me mantido limpo por algum tempo", disse um usuário.
Confira o desabafo:
Astro de "Todo mundo odeia Cris" desabafa sobre vício em pornografia: "Minha batalha"
Publicado por MundoConectado em Terça, 16 de fevereiro de 2016
Controvérsia
Sucesso da empreitada de Crews à parte, a ideia da existência de um "vício em pornografia" é algo controverso. Tanto que ele não está listado, por exemplo, no Manual de Diagnóstico e Estatística, a "bíblia da psiquiatria" publicada pela Associação Americana de Psiquiatria.
Muitos especialistas afirmam que o cérebro de uma pessoa assistindo pornô não funciona da mesma forma que o de dependentes químicos, embora as evidências sejam contraditórias nesse ponto.
Em um estudo da Universidade de Cambridge (Reino Unido), por exemplo, pesquisadores monitoraram 19 homens enquanto eles assistiam a filmes pornográficos. E notaram que foram ativados nos cérebros dos voluntários os mesmos pontos de "recompensa" acionados quando um viciado vê sua droga favorita.
Nicole Prause, pesquisadora da Universidade da Califórnia em Los Angeles, afirma que o consumo de pornografia não pode ser colocado no mesmo conjunto que o de álcool e drogas.
"Nos casos de vício em pornô, o cérebro tem desempenho similar ao registrado em outras dependências, mas apenas até certo ponto. Depois diverge. Quando você vê pornografia, há aumentos nos dispositivos de aprendizado e recompensa. Porém, não é possível ver outros sinais", afirmou ao programa de rádio BBC Trending.
Segundo a especialista, em pessoas viciadas em jogos de azar, por exemplo, o cérebro dá pistas mais consideráveis. Quando são analisadas pessoas que dizem sofrer da compulsão por pornô, a resposta é bem menor. Sendo assim, afirma Praus, os modelos científicos atuais apontam que pornografia não causa dependência, e por isso tratá-la dessa forma pode ser contraproducente.
(com informações do site BBC)