Um juiz de Los Angeles decidiu na terça-feira (11) que o médico pessoal do cantor Michael Jackson, o cardiologista Conrad Murray, irá a julgamento sob a acusação de homicídio culposo devido à morte do músico, ocorrida em junho de 2009.
Promotores afirmam que Murray, 57 anos, deu a Jackson uma dose letal do anestésico Propofol, misturado a outros sedativos. Depois disto, o médico teria falhado em prestar os devidos cuidados ao cantor.
Além de levar Murray a julgamento, o juiz Michael Pastor, do Tribunal Superior do Condado de Los Angeles, suspendeu a licença médica estadual do cardiologista, a pedido do Conselho Médico da Califórnia.
Murray se declarou inocente, alegando que não deu a Jackson nenhuma dose potencialmente letal de remédios. Caso seja condenado, o médico poderá pegar até quatro anos de prisão.
A audiência durou seis dias e ouviu mais de 20 testemunhas. Segundo o correspondente da BBC em Los Angeles Peter Bowes, dois médicos afirmaram no tribunal que Murray não agiu conforme os padrões profissionais ao tratar de seu paciente.
"Perigo iminente"
Ao final da audiência, o juiz Pastor afirmou que manter a licença médica de Murray "constituiria um perigo iminente para a segurança pública".
Além disto, o juiz declarou, sobre a acusação contra o médico, que existe um "nexo e uma conexão direta entre os atos e omissões do dr. Murray e o homicídio neste caso".
De acordo com Peter Bowes, a irmã do músico, a cantora La Toya Jackson, disse, ao sair do tribunal, que estava satisfeita com o resultado da audiência.
Michael Jackson morreu aos 50 anos no dia 25 de junho de 2009, após sofrer uma parada cardiorrespiratória em sua casa, em Los Angeles. Depois de ser atendido por paramédicos, o músico foi declarado morto no hospital Ronald Reagan UCLA Medical Center.
Em agosto do mesmo ano, foi revelado que uma combinação de drogas - entre elas, Propofol - foi a causa da morte de Jackson.
Detetive
Durante a audiência dessa terça-feira, o detetive Orlando Martinez, que interrogou Murray dois dias depois da morte do cantor, disse que o médico admitiu ter dado Propofol a seu paciente antes de morrer.
Segundo Martinez, Murray também afirmou ter administrado outros dois remédios menos fortes ao músico na noite anterior. O cardiologista alega que estava tratando da insônia crônica de seu paciente.
Murray, de acordo com o relato do detetive, disse ter deixado o quarto por "dois minutos" para ir ao banheiro, mas depois encontrou Jackson sem pulso e sem respiração.
De acordo com Martinez, Murray disse que tentou ressuscitar Jackson imediatamente, mas não chamou uma ambulância porque estava tomando conta de seu paciente e não queria abandoná-lo.
Ainda segundo o detetive, Murray admitiu ter dado doses de Propofol a Jackson seis noites por semana durante dois meses, mas que estaria tentando fazer o cantor abandonar o remédio por medo de que ele estivesse adquirindo dependência.
Promotores afirmam que, de acordo com registros telefônicos do dia da morte de Jackson, o médico fez uma série de ligações antes que uma ambulância fosse finalmente chamada para atender o músico, mais de uma hora depois.
Defesa
Apresentando os argumentos finais da defesa na audiência, o advogado do médico, Joseph Low, disse que a acusação deveria ser rejeitada porque os promotores não teriam provado com clareza que Murray era culpado pela morte, e que a saúde frágil do cantor poderia ter sido um agravante no caso.
Murray deve voltar ao tribunal ainda em janeiro, para uma citação oficial. No entanto, segundo um correspondente da BBC, ainda não foi marcada uma data para o julgamento.