"Confio plenamente na justiça"
Os antigos casos de desaparecimento de crianças no Paraná voltam a ser investigados por determinação da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.
Entre os casos mais emblemáticos e que devem ser estudos pela Polícia Federal (PF) estão o desaparecimento de 14 meninos em Altamira (PA), 20 no Maranhão e quatro no Paraná.
Os desaparecimentos poderiam ter conexão com uma seita conhecida como Lineamento Universal Superior (LUS) e que era liderada por Valentina de Andrade, de 75 anos, moradora em Londrina.
No Paraná, dois dos meninos desaparecidos foram supostamente sequestrados no município de Guaratuba: Evandro Ramos Caetano e Leandro Bossi. Na última sexta-feira, a Polícia Federal (PF) ouviu os depoimentos das acusadas pelo Ministério Público (MP) Estadual de terem sido as mentoras da morte de Evandro Ramos, em 1992, num suposto ritual de magia negra.
Celina e Beatriz Abagge, mulher e filha do então prefeito Aldo Abagge, foram chamadas na qualidade de testemunhas e negaram ter conhecimento de qualquer fato que pudesse desvendar a morte de Leandro Bossi.
Celina afirmou que no período em que Leandro desapareceu entre 15 e 17 de fevereiro estava fora de Guaratuba. Ela teria ido para Jaguapitã, Pitanga e Apucarana auxiliar na mudança de uma de suas filhas. Teria passado o aniversário dela (dia 17) longe do marido e de casa.
''Todos lembram até hoje disso porque fiquei muito brava. A mudança atrasou e eu queria voltar para casa'', contou. Beatriz não se lembra onde estava nos dias em que Leandro desapareceu, mas acredita que estava em Guaratuba, com os gêmeos que adotou. Ela disse que só soube do desaparecimento de Leandro, depois que Evandro sumiu também.
Celina confessou saber que na época do desaparecimento de Leandro, pessoas estranhas estavam em Guaratuba. Mas negou que tivesse conhecido Valentina de Andrade que teria se hospedado num hotel do município. Ela também disse nunca ter ouvido falar no LUS.
A suspeita de que as duas pudessem estar também envolvidas no desaparecimento de Leandro foi fundamentada em depoimentos colhidos na Prisão Provisória de Curitiba (PPC). O pai-de-santo Vicente de Paula Ferreira teria acusado as duas de participação no sumiço do garoto. ''Ele foi torturado. Sob tortura, qualquer um acusa qualquer um'', afirmou Beatriz.