O velório do produtor, ator e diretor Luiz Carlos Miele está marcado para o início da manhã desta quinta-feira, 15, na Câmara de Vereadores do Rio, centro. O sepultamento será às 16h no Cemitério do Caju, na zona norte. O artista, de 77 anos, foi encontrado morto na manhã de quinta-feira, 15, por volta de 8h. A causa da morte do artista ainda não foi determinada. Sabe-se que ele passou mal e foi achado pela mulher, Anita, caído no escritório da residência do casal, em São Conrado, na zona sul do Rio. Anita acionou o Corpo de Bombeiros. Quando a equipe chegou ao endereço, Miele já estava sem vida.
O hábito de beber uísque, mantido havia décadas, permanecia. Na noite anterior à morte, ele saíra para jantar. À assessora Vânia Barbosa, com quem conversara naquela noite, disse que estava bem. "Ele saiu com amigos e com a mulher para jantar. De manhã, ela acordou cedo e não o viu na cama. Foi até o escritório e o encontrou caído. Me ligaram", relatou.
Os bombeiros encontraram Anita deitada ao lado do marido, muito abalada. Era no escritório que Miele costumava beber seu uísque. "Ele deitou e apagou. Morreu como os bons morrem", disse o cartunista Ziraldo, que esteve na casa logo após receber a notícia da morte. Para Ziraldo, Miele "morreu muito feliz".
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"Miele era igual a um boi, não sabia a força que tinha. Não sabia que ele era o Miele. Não tem ninguém que chegue aos pés dele. Miele sabia tudo de showbizz e continuava a vida toda como um provinciano. Ele achava que ainda tinha que ser aceito. Ele ficou no ostracismo algum tempo e, nesses últimos anos, estava no melhor momento da vida dele. Estava muito bem, muito realizado", afirmou o cartunista.
Parentes acreditam que ele foi vitimado por um enfarte fulminante. A morte de Miele surpreendeu os amigos. Todos contam que, apesar da idade, ele não aparentava ter problemas de saúde.
Planejava novo livro e show
Miele estava ativo e criativo aos 77 anos. Um dia antes de morrer, foi ao programa de Jô Soares falar do livro O Contador de Histórias, que estava prestes a lançar pelo selo Bookstart, com as melhores passagens que viveu na música brasileira. "Falamos muito, gravamos dois blocos com suas memórias", conta emocionado o apresentador à reportagem, no início da tarde de quarta-feira, 14, pouco depois de saber que seu amigo desde 1959 havia partido.
João Marcello Bôscoli também tinha projetos com Miele. Depois de apresentarem juntos os dois shows em homenagem a Elis Regina, dias 23 e 24 de maio de 2015, no Anhembi, intitulado Elis 70 Anos, João ajudou Miele a desenvolver a ideia de um espetáculo que iria correr pelo Brasil, uma turnê. "Ele queria roteirizar um show usando imagens em que Elis Regina aparecia dando entrevistas. Iria fazer interferências, conversar com ela, criar novos diálogos", conta João Marcello.
Em sua última entrevista antes de morrer, Miele bebe uísque com Jô Soares
Em uma das últimas entrevistas, Mile estava feliz e fazia piada com o fato de estar presente em um musical e reaparecer em breve em um filme ao mesmo tempo. Ele se emocionava ao ver-se em Elis, a Musical, dirigido por Dennis Carvalho e interpretado por Caike Luna. E por saber que, em breve, iria aparecer no filme Elis, de Hugo Prata, com o qual chegou a colaborar para a reconstrução cinematográfica da história da cantora.
Homem que passaria a vida nos palcos, Miele começou a carreira como locutor das rádios Excelsior, Tupi e Nacional. Nascido em São Paulo, mudou-se para o Rio apenas em 1959, quando conheceu Ronaldo Bôscoli.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.